NOTÍCIA: DAGMAR DESTERRO É A PATRONA CULTURAL DA AMT EM 2025

A Academia Maranhense de Trovas (AMT), no dia 29 deste mês, em Assembleia Geral Ordinária (AGO), aprovou o nome da escritora Dagmar Desterro e Silva para ser a patrona do ano cultural da instituição neste 2025. Dagmar Desterro nasceu em 9 de setembro de 1925 em São Luís do Maranhão. Comemora-se, pois, seu centenário neste ano, quando a AMT irá prestar-lhe vastas e merecidas homenagens.

Os critérios para escolha do patrono do ano cultural privilegiam datas redondas, mormente centenário de nascimento de ilustres escritores e as relevantes atividades desenvolvidas por eles, principalmente no âmbito literário.

Dagmar Desterro fora escolhida, dentre outros motivos, por ter dado uma vasta contribuição ao Movimento de Trovas no Maranhão no século passado. Durante a criação da Secção Maranhense da União Brasileira de Trovadores (UBT), a escritora assumiu o cargo de Conselheira Municipal, ao lado de Ribamar Carvalho e Emílio Azevedo, conforme divulgado no periódico O Coruja, da AMT, Ano I, 1971.

A escritora homenageada é patrona da cadeira nº 37 da AMT, atualmente ocupada pela trovadora Clores Holanda Silva que propôs o nome de Dagmar para patronear este ano cultural. Além do nome de Dagmar Desterro, na AGO foi proposto o nome do ilustre imortal João Mohana, cujo centenário de nascimento também ocorre neste ano . Ele nasceu em Bacabal no dia 15 de junho de 1925. “Merecedor de todas as nossas homenagens, ainda que não tenha sido eleito o patrono do nosso ano cultural, a AMT não deixará de evidenciar o rico trabalho deixado por Mohana”, acentuou a presidente da AMT, Wanda Cunha.

A PATRONA - A escritora Dagmar Desterro e Silva era Bacharel em Ciências Jurídicas e Sociais, licenciada e bacharelada em Pedagogia pela Universidade Federal do Maranhão. Iniciou como professora primária e exerceu vários cargos públicos, dentre os quais a chefia do Serviço do Patrimônio da União em São Luís; foi procuradora federal no Maranhão e, na UFMA, exerceu cargos de professora titular e emérita; naquela instituição também exerceu o cargo de vice-reitora assumindo a Reitora em várias ocasiões pela ausência do titular. Recebeu várias medalhas e condecorações. É autora de obras literárias, do quilate de: Recordando São Luís (1953), Conflito (1956),Segredos dispersos (1957), A vida de Benedita Leite para crianças (1957), O resto é solidão... e espera (1958), Parábola do sonho quse vida (1973), Discursos (1976), Pedra-vida (1979), Poeas para São Luís (1985), Canto ao entardecer (1985), Olá, amiguinhos!... (1988), Dois tempos em compasso de estórias (1991), Sele poética (1995).

AML E AMT - A convite do presidente da Academia Maranhense de Letras (AML), Sr. Lourival Serejo, a AMT fará um sarau de trovas no dia 20 de fevereiro nas dependências da Casa de Antônio Lobo, na Rua da Paz, a partir das 18 h, oportunidade em que a AMT irá fazer a abertura de seu ano cultural em homenagem à Dagmar Desterro e Silva, que também foi membro efetivo daquele sodalício, onde ocupou a cadeira 24.

E para iniciar este ano com chave de ouro a AMT traz pra você um poema de Dagmar Desterro intitulado “Corrida”. Deleite-se!

Corrida - de DAGMAR DESTERRO E SILVA

No avanço do tempo corre a vida,

mas nesse tempo há pedras espalhadas,

pedras agudas, carnes esfarrapadas,

sangue jorrando de cada ferida.

o tempo açoita a vida noite e dia

e ele chora, tropeça, levanta e continua.

Só e esperança anima a travessia;

e a alma corre, descabelada e nua.

E a vida não tem tempo, ao tempo, em meio,

de ver o belo existente no caminho;

não perder na corrida é o seu anseio;

sua atenção conserva em desalinho.

No embrião da vida, no tempo, avanço.

Subidas e descidas — tantas conheço:

e na vertigem do correr me canso.

Procuro, em vão, meu horizonte do começo.

(Pedra-Viva, 1979)